Diariamente, um desafio é lançado: uma palavra, apenas uma, que seja capaz de mexer com a criatividade desses oito escritores. Eles deixam os dedos correr no teclado, livres e descomprometidos. O resultado? Uma poesia, uma crônica, um haikai, um conto... Enfim, o que a inspiração deixar. O blog é isso, um convite à criatividade, provocada todos os dias, no finalzinho do expediente.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A PALAVRA DE HOJÉ É... DAMASCO

Por Sócrates
O imperador amanheceu irritado. No palácio da aclamação - entre cobertas gordurosas e jalecos entupidos de coxas de galinha - o rei convocou as damas da côrte para um recital. Os versos iam e vinham sem qualquer reação de vossa excelência. Até que uma das damas soltou um dos malfadados poemas da Boca do Inferno, Gregório de Matos. Que falta nesta cidade? Verdade. Que mais por sua desonra? Honra. Falta mais que se lhe ponha. Vergonha.Inculcado com os versos argilosos o rei ordenou com uma das mão, vai, vai, continua: O demo a viver se exponha. Por mais que a fama a exalta, numa cidade, onde falta Verdade, Honra, Vergonha. Continua infeliz, começou, agora termine, estou curioso.Quem a pôs neste socrócio? Negócio. Quem causa tal perdição? Ambição. E o maior desta loucura? Usura. Notável desventura de um povo néscio, e sandeu, que não sabe, que o perdeu Negócio, Ambição, Usura.A dama sorriu, mas constrangiu a côrte inteira. Quem pensa que é dama indolente>Não percebe, não vê, não sente. Uma dama, uma fruta, uma poeta, porém, pura. Pois bem. Vou terminar com o improviso, decretou o imperador e soltou:Não é dama, não é fruta. Se Gregório aqui estivesse, lhe chamaria de puta.Como sou rei, carrasco e não perco uma disputa. Decreto sua morte, desta dama proclamada por si mesma uma fruta, lhe chamo de damasco, mistura de dama com carrasco e rasgo seu rabo enfiando um pé na sua bunda.

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