Diariamente, um desafio é lançado: uma palavra, apenas uma, que seja capaz de mexer com a criatividade desses oito escritores. Eles deixam os dedos correr no teclado, livres e descomprometidos. O resultado? Uma poesia, uma crônica, um haikai, um conto... Enfim, o que a inspiração deixar. O blog é isso, um convite à criatividade, provocada todos os dias, no finalzinho do expediente.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Por Cristina
Sentavam-se todos na mesma sala e na maioria das vezes nada diziam. Mas voltavam sempre, porque ali sentiam-se flutuar.
Ela preferia a musica bem alta. Gostava dos acordes que pareciam penetrar seu corpo, faziam tremer sua pele, tomavam todos os seus sentimentos.
O que gostava mesmo era de escutar e não pensar em mais nada. Só na musica, deixando que os caminhos da mente percorressem o que os acordes ditassem. E como percorriam!
Deixava-se ir pelos atalhos, pelas avenidas, pelos becos e os sentimentos iam tomando conta, um de cada vez. Não raro as lágrimas escorriam, o coração disparava, sentia dor profunda e quantas vezes jubilo, um jubilo que extrapolava e então levantava-se e dançava, dançava, olhos fechados, par imaginário ou nenhum, dançando, deixando a musica conduzir.
Nem via que havia outros ali. Provavelmente nenhum se via, todos levados pela musica que delicia que era juntar pessoas que gostavam da mesma coisa e podiam ficar assim lado a lado fazendo juntos o que cada um fazia por si só.
Quando a musica parava olhavam-se, olhos de lágrimas, olhos sorrindo, olhos tristes, olhos opacos, olhos nada, fosse o que fosse, sentiam-se todos mais irmãos. Às vezes conversavam ou apenas se tocavam e sorriam no silencio enquanto alguém colocava outra musica, às vezes só se olhavam e nada mais era necessário porque sabiam que se entendiam e sabiam que estavam juntos porque comungavam aquela entrega à musica e sabiam que seguiriam aonde a musica os levasse, todos no mesmo caminho, indo sempre para longe, cada vez mais longe, sabendo que iriam para sempre juntos, em êxodo.

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