Diariamente, um desafio é lançado: uma palavra, apenas uma, que seja capaz de mexer com a criatividade desses oito escritores. Eles deixam os dedos correr no teclado, livres e descomprometidos. O resultado? Uma poesia, uma crônica, um haikai, um conto... Enfim, o que a inspiração deixar. O blog é isso, um convite à criatividade, provocada todos os dias, no finalzinho do expediente.

quarta-feira, 11 de março de 2009

A PALAVRA DE HOJE É... FEIJÃO

Por Gabriela
Tava desenxabida. Sabe desenxabida? Essa coisa nem cá nem lá? Um morno chato, uma vontade manca, um humor omisso. Mais pra reclamar da vida, pra implicar com a colega chata que faz cara de Poliana a existência inteira e tem voz de quem está rindo indeterminadamente mesmo quando o assunto é dos mais sérios e pentelhos (sim, concomitantemente). E dona daquela impaciência crônica que faz acreditar que o mundo se transformou num grande complô pra te aporrinhar, estragar o dia, lembrar que você nem deveria ter levantado da cama, quiçá sair de casa! Então, desenxabida e irritada, querendo morder o primeiro infeliz que ousasse cruzar seu caminho com aqueles risinhos bobos na cara. E eis que a amiga chama pro almoço. E além dela, mais duas amigas. E a caminho do restaurante, aquela falação meio raivosa contra as chatices do dia a dia, as pessoas e suas incongruências, as falsidades, politicagens...até diluir, virar risada, sair como desabafo e ficar infinitamente minúsculo, quase pó. E somada a isso, na fila do self-service, aquele feijão preto delicioso, luzidio, cheirando carne gorda e tempero de cozinheira de mão cheia! Fez esquecer tudo, aquele prato de feijão no almoço, cercado de amigas com quem se pode compartilhar coisas da vida, quaisquer. E na volta ao escritório, depois do café, só conseguia pensar que tinha sido bom ter saído da cama de manhã cedo.

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