Diariamente, um desafio é lançado: uma palavra, apenas uma, que seja capaz de mexer com a criatividade desses oito escritores. Eles deixam os dedos correr no teclado, livres e descomprometidos. O resultado? Uma poesia, uma crônica, um haikai, um conto... Enfim, o que a inspiração deixar. O blog é isso, um convite à criatividade, provocada todos os dias, no finalzinho do expediente.

terça-feira, 3 de março de 2009

Por Gabriela
Extremo sul. Fronteira do fim do mundo de um país com o começo do mundo de outro.
Sempre achei curiosa essa história de divisa. Quem determinou?
E de que vale uma linha imaginária que separa mundos?
Proibição maluca de eu colocar meus pés do lado de lá e estar em outro país, num segundinho só.
Se meu corpo não tem fronteira, este meu e este seu mundo também não deveriam.
Eu queria poder só me esticar toda e entrar aí.
E sentir na pele esta imensa viagem, ainda que nada tenha mudado – nem o solo, nem a cor do céu, nem o peso do ar.
Mas só de saber outro país, o que você habita, já tem um gosto de bom, de novidade, de exterior. De transponível*.
(*aqui não meu país, a consulta ao dicionário resulta em ‘verbete não encontrado’. Mas na consulta a intransponível, a definição é de ‘não transponível’ – isso acontece no seu país??).
Bem, mas eu me perdi e agora já não consigo mesmo chegar até aí. E só precisaria um passo. Estou aqui, no extremo sul.
A linha imaginária, os mapas me impedem. Eu seria considerada uma invasora – e só queria mesmo poder te beijar.
Quem inventou esse absurdo de divisa? Quem??
Sinta-se beijado além das linhas que nos separam e condenam.

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