Diariamente, um desafio é lançado: uma palavra, apenas uma, que seja capaz de mexer com a criatividade desses oito escritores. Eles deixam os dedos correr no teclado, livres e descomprometidos. O resultado? Uma poesia, uma crônica, um haikai, um conto... Enfim, o que a inspiração deixar. O blog é isso, um convite à criatividade, provocada todos os dias, no finalzinho do expediente.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Por Mariângela
Separando os grãos, ele viu um muito diferente.
Pensou, a princípio, que estava estragado.
Mas analisando de perto, apalpando e sentindo o cheiro,
se deu conta de que era um feijão raro, que brilhava contra a luz.
Não colocou com os outros, nem cozinhou-o em separado.
Achou tão especial e único, que guardou-o dentro de um vidro,
numa prateleira qualquer do armário da cozinha.
Anos se passaram, até décadas, e o feijão raro ali, no vidro.
Quase todo o dia o homem admirava e contemplava o seu achado.
Ria-se ao pensar que ele era dono de um feijão inigualável. Ele, só ele.
Mas então o homem morreu, foi velado e enterrado.
No testamento, os bens repartidos entre seus entes não citavam o feijão.
A casa foi vendida e a nova família encontrou o vidro solitário, na prateleira.
Olharam, analisaram, cheiraram, apalparam
e não viram qualquer sentido naquele feijão.
Acabou triturado na caçamba do caminhão de lixo.


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