Diariamente, um desafio é lançado: uma palavra, apenas uma, que seja capaz de mexer com a criatividade desses oito escritores. Eles deixam os dedos correr no teclado, livres e descomprometidos. O resultado? Uma poesia, uma crônica, um haikai, um conto... Enfim, o que a inspiração deixar. O blog é isso, um convite à criatividade, provocada todos os dias, no finalzinho do expediente.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A PALAVRA DE HOJE É... PINGENTE

Por Mariângela
Na tribo do velho índio, a hora da roda era sagrada.
Crianças à volta do círculo à espera de uma nova lenda.
Ele cantava e dançava, fazia todas baterem palmas,
e depois contava a história, que os pequeninos levavam para seus sonhos.
O sábio índio contou de onde vieram os pingentes,
porque uma menina da tribo, que fora à cidade tratar dos dentes,
ganhou um lindo, de cristal e pequenino, depois de mostrar sua bravura
e não chorar da anestesia nem do motorzinho chato e barulhento.
E o índio ia contando...
"Uma vez, a índia que gostava de flores do campo,
perdeu-se na mata porque colhia só as mais raras.
A noite chegou muito brava, com ventos e relâmpagos.
E ela sentiu-se sozinha, amedrontada.
Ouvia o ruído do escuro, o bradar das árvores
e o sussurrar tímido das folhagens da paz.
Deitou-se numa clareira e ficou a pedir que os deuses a salvassem.
Acabou adormecendo e sonhou com um deus mágico,
que estava com ela, bem ao seu lado, acariciando sua face
e apontando sua lança poderosa contra todos os perigos da noite.
A menina acordou quando a lua começava a dar lugar ao sol,
que queimava lentamente as estrelas.
E viu aquele espetáculo lindo dessa troca da noite pelo dia.
Emocionada por estar viva e presenciar tanta maravilha,
deixou rolar uma lágrima e sentiu o deus mágico soprando-a no rosto,
com seu hálito doce, morno e imaginário.
A lágrima virou pingente e brilhava mais do que o sol que agora despontava.
Nunca mais a pequena se desfez daquele presente divino
e também passou a não ter medo de nada.
Só tinha medo mesmo de não mais chorar."

Um comentário:

Anônimo disse...

Tem um texto que conta "como nascem as lendas".
É como se estivesse diante de uma delas. As histórias infantis são as mais adultas.