Diariamente, um desafio é lançado: uma palavra, apenas uma, que seja capaz de mexer com a criatividade desses oito escritores. Eles deixam os dedos correr no teclado, livres e descomprometidos. O resultado? Uma poesia, uma crônica, um haikai, um conto... Enfim, o que a inspiração deixar. O blog é isso, um convite à criatividade, provocada todos os dias, no finalzinho do expediente.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Por Mariângela
Quando acordei, não percebi.
Mas conforme o dia fluia, ela estava ali, desencontrada.
Minha sombra teimava em ficar do lado errado de meu corpo.
Fiz cálculos amadores sobre seu reflexo no chão frente à posição do sol.
E conclui: sim, ela estava do outro lado, desrespeitando todas as lógicas.
Tentei driblá-la, pular num ímpeto para um outro lugar, mas a danada me percebeu.
E lá se postou, aversa ao que deveria ser: apenas a minha calma sombra.
Senti que essa rebeldia fazia algum sentido. Afinal, por anos, ocupava o mesmo e lógico lugar,
mera sombra passiva a tudo e todos, apenas refletindo esta pequena que insisto em ser.
No lugar de minha sombra, eu já teria quebrado as regras antes. Mas que bobagem estou dizendo?
Eu? Justo eu, quebrando regras? Ora! Se as quebrasse, a sombra não teria se cansado de mim!
Era hora de mudar esse destino talhado em mesmice.
E foi assim que resolvi ser a sombra de minha sombra.

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