Diariamente, um desafio é lançado: uma palavra, apenas uma, que seja capaz de mexer com a criatividade desses oito escritores. Eles deixam os dedos correr no teclado, livres e descomprometidos. O resultado? Uma poesia, uma crônica, um haikai, um conto... Enfim, o que a inspiração deixar. O blog é isso, um convite à criatividade, provocada todos os dias, no finalzinho do expediente.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Por Sócrates
O ar condicionado resfriava os seios. Uma sútil denúncia da pele de pêssego apagava o vestido vermelho. Os homens fumavam charutos cubanos enquanto destilavam uísque goela abaixo. Bebiam seco. Logo o burburinho.
- Por favor, um drinque.
A taça de cristal deixou se envolver pelos lábios. Quem não se entregaria? Teria pensado certamente um leitor mais excitado.
As pernas cruzadas revelavam apenas a destreza das horas fugidias.
Um rapaz ousado deitou sobre a mesa uma cédula de cem.
- Fique com o troco, disse a estonteante madame.
Ergueu a mão esquerda. Todos voaram como se fossem urubus.
Esboçou uma reação de desânimo com os rapazes.
Anotou no verso do gardanapo um recado. Dobrou e fez um bilhete. Para quem seria?
Saiu do salão como se fosse uma divá. E não era? Não se sabe.
No verso: "Volte para casa seu cachorro. Fique sabendo: não insinuo, faço".
O recado estava dado. Na porta um carro languido abraçava o bêbedo de rabo entre as pernas que saia do bar. A mulher gargalhava no volante e jogava porta a fora os bilhetes daquela noite.

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