Diariamente, um desafio é lançado: uma palavra, apenas uma, que seja capaz de mexer com a criatividade desses oito escritores. Eles deixam os dedos correr no teclado, livres e descomprometidos. O resultado? Uma poesia, uma crônica, um haikai, um conto... Enfim, o que a inspiração deixar. O blog é isso, um convite à criatividade, provocada todos os dias, no finalzinho do expediente.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Por Mariângela
Minha irmã nasceu quando eu tinha 8 anos.
Era uma fase tão minha, de ganhar espaços na vida de meus pais,
que essa notícia caiu como uma bomba: teria de, novamente, dividir tudo.
O tempo passou, a barriga de minha mãe cresceu
e a menina chegou gorda e bonita — ainda essa: BO-NI-TA!
Não sabia bem como fazer pra que ela não me afligisse, não mexesse nos meus planos e sonhos.
Foi assim que me uni ao meu irmão, dois anos mais novo do que eu.
Ele também andava meio incomodado, mas como era do tipo calado, engolia a seco.
Sem qualquer plano nem desenho de explícitas estratégias, armamos um complô.
Cada dia um assumia o papel de vilão e escondia a chupeta da mana caçula,
que chorava sem parar até que era socorrida pela minha mãe.
Não falávamos nada, eu e meu irmão calado.
Os olhares trocados diziam tudo: "missão cumprida, câmbio!"
"Até amanhã, câmbio e desligo!"
Hoje vejo complôs bem mais complexos a minha volta.
E bate uma saudade danada do tempo em que eu escondia chupetas.

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