Diariamente, um desafio é lançado: uma palavra, apenas uma, que seja capaz de mexer com a criatividade desses oito escritores. Eles deixam os dedos correr no teclado, livres e descomprometidos. O resultado? Uma poesia, uma crônica, um haikai, um conto... Enfim, o que a inspiração deixar. O blog é isso, um convite à criatividade, provocada todos os dias, no finalzinho do expediente.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

por Cristina

Não fazia nada sem consultar a planilha. Perguntei: o que tanto tem aí que você não para de consultar? Disfarçou. Perguntei: são contas? Respondeu que preferia não comentar sobre o assunto.
Foi aí que fiquei curiosa: o que haveria ali? Porque não queria que eu visse?
Perguntei: Por que não quer que eu veja? Respondeu que não havia motivo nenhum, apenas eram coisas dele, só dele.
Enlouqueci. Saber o que havia ali tornou-se questão de vida ou morte. Não consegui mais falar de outro assunto: porque eu não podia ver? Que segredo era aquele? Seria segredo de trabalho ou da vida pessoal? É sobre alguma mulher? Você tem outra?
Você não confia em mim? Riu: deixa de ser boba, não é nada importante.
Piorou. Se não era importante porque não poderia me mostrar?
Entrei em desespero. Não dormi. Deve estar acontecendo algo muito sério, ele sempre me mostrou tudo. Acordei pedindo por favor, me deixa ver!
Irritou-se: para com isso, você já está exagerando, assim já está demais!
Chorei. Não acreditou quando me viu chorando. Entristeci, lágrimas escorrendo, incontroláveis.
Abraçou-me: mas por que você quer tanto ver? Expliquei que me parecia uma questão de confiança, que eu era desconfiada, que era insegura, que estava me sentindo péssima.
Então ele disse: Tá bom, pode ir lá e olhar o que quiser.
Corri. Vi. Não era realmente nada demais. Coisa sem graça, sem motivo simples.
Ele riu e me abraçou.
Minha aflição passou. Relaxei. Sorri, dei-lhe um beijo, agradeci.
Então pensei: ainda bem que ele nem sabe que eu tenho uma porque a minha, nunca vou mostrar!

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